Mais do que nunca, moradores do bairro Nova Campinas estão preocupados com uma piscina que se transformou em um criadouro de mosquitos, que podem ser transmissores de doenças como dengue e febre chikungunya. De acordo com eles, a piscina está suja e com água há cerca de dois anos, sem providências dos proprietários e tampouco da Prefeitura.
A questão se agravou agora porque, caso alguém fique doente, terá que disputar espaço nos hospitais em meio à pandemia de covid-19. Outra agravante é que na casa ao lado moram quatro idosos, entre 75 e 88 anos. A piscina fica no imóvel nº 5 da Rua Rafael Andrade, cujo proprietário morreu há sete anos. Para poder telar a casa onde vivem, os idosos afirmam ter gasto R$ 16 mil. Mesmo assim, têm que usar calças e camisas de mangas compridas, além de ainda passar repelente. Há quatro meses, não têm como frequentar a própria piscina, que fica no jardim, devido à nuvem de mosquitos proveniente do imóvel vizinho.
“É muita falta de cuidado dos herdeiros e de descaso da Prefeitura”, afirma o professor Humberto Milton da Cunha, de 75 anos. A mulher dele, Lea Janot Pacheco da Cunha, também de 75 anos, acrescenta que “o problema aqui é muito sério e antigo. Essa piscina vizinha dá até horror de ver daqui da minha varanda”. A infectologista Raquel Silveira Bello Stucchi, professora da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp afirma que a preocupação dos moradores “é justíssima e muito pertinente porque piscina sem estar tratada pode ser um foco importante de dengue”.
A especialista pontua que “sem dúvida nenhuma haverá dificuldade, neste momento, para absorver e internar pacientes com dengue que tenham uma evolução mais grave”. Ainda de acordo com a médica, “o que cabe mesmo é pressionar para que seja feita a limpeza e a manutenção adequada, e usar repelentes para tentar impedir ou minimizar o risco de pegar dengue”.
A professora chama a atenção ainda para que, no início do quadro, dengue e covid podem ser muito parecidas devido à dor de cabeça, no corpo e febre. E orienta: “com esses sintomas, deve-se procurar, presencialmente, uma unidade básica de saúde para avaliação”. A advogada Joanna Paes de Barros e Oliveira, especialista em responsabilidade civil, informa cabe ação judicial “para fazer cessar as interferências prejudiciais à saúde, sossego ou segurança provocadas pela utilização de propriedade vizinha”.
Isso porque “a ação de dano infecto é a medida judicial, fundada nos artigos 1.280 e 1.281 do Código Civil, que serve a quem tem justo receio de sofrer dano em seu imóvel, em virtude do uso anômalo de propriedade alheia”. Procurada pela reportagem, a Secretaria Municipal de Saúde, da Prefeitura de Campinas, informou, por meio de assessoria de imprensa “que será feita uma vistoria no imóvel a fim de que sejam tomadas as medidas cabíveis”.
Informou que “também serão averiguadas as reclamações anteriores dos vizinhos do imóvel”. Ainda de acordo com a Administração Municipal, “no caso de locais fechados, os proprietários são notificados para que realizem a limpeza e, se não fizeram, estão sujeitos a multa de 10 a 10 mil Unidades Fiscais de Campinas (UFICs – R$ 3,7886 cada)”. A reportagem também tentou entrar em contato com os herdeiros da casa onde fica a piscina, mas sem sucesso.